Foto: Gabi/Estaca 0nline |
Sinopse oficial:
"Sofia
Stanton-Lacy é alegre, impulsiva e de uma franqueza desconcertante,
características que não combinam com o que se espera de uma mulher em sua
posição na sociedade londrina do início do século XIX. Educada durante as
viagens de seu pai, órfã de mãe, ela chega à casa de sua tia em Berkeley Square
para derrubar as convenções e surpreender a todos com seus modos independentes
e sua língua afiada. E Sophy parece ter chegado no momento certo: seus primos
estão com muitos problemas. O tirânico Charles está noivo de uma jovem tão
maçante quanto ele, já Cecilia está apaixonada por um poeta, e Hubert tem
sérios problemas financeiros. A prima recém-chegada decide então ajudar a todos
com sua determinação e impetuosidade, e acaba enfrentando agiotas, roubando os
cavalos de seu primo e atirando de raspão em um honrado cavalheiro. Embora
sejam sempre mirabolantes e arriscados, seus planos sempre dão certo e tudo
parece estar sob seu controle. O que ela não espera, porém, é que seu primo
Charles, que aparentemente não vê a hora de arrumar um marido para ela, de
repente passa a enxergá-la com outros olhos..."
Comentários:
Não vejo título
melhor para esse livro. Não vejo melhor forma de começar esta resenha do que
dizendo que Sofia é a senhora da história. Sofia Staton-Lacy foge da figura de
moça "bem comportada" e heroína sofredora. Filha de um diplomata, foi
educada seguindo um modelo totalmente original ao que era o padrão da
Inglaterra do século XIX: ela chama o pai pelo nome, administra sua próprias
finanças (chegando ao "cúmulo" de frequentar o banco), sabe atirar,
conduz carruagens e, o mais impressionante, fala TUDO que lhe vem à cabeça, doa
a quem doer.
Ela chega à
Londres para passar uma temporada na casa da tia e encontrar um marido. Porém,
vai resolvendo aos poucos cada um dos problemas nos quais seus primos estejam
envolvidos. Ela faz isso sem ser convidada a intervir, o que deixa tudo mais
engraçado. Só pra ter uma ideia das maquinações de Sofia, ela dá da um mico de
presente aos primos mais novos, e o bichinho passa a frequentar as aulas das
crianças!
Como podem imaginar, a personagem é louquinha.
Ganhou minha admiração pela coragem, força de caráter e senso de humor. Ela não
tem medo de nada! Diversas vezes me pegava pensando "não é possível que
ela vai fazer isso... Meu deus do céu, essa mulher é doida!!".
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Nota: 5/5 |
O que também
impressiona é que esse livro é um relançamento, originalmente publicado em
1950. Pois é, em 1950 Georgette Heyer (1902-1974), criou essa personagem
feminina pró-ativa, destemida e que é uma revolução onde quer que vá! Sofia
escandaliza a sociedade de sua época, não tem falsos moralismos e não se cala
diante de injustiças.
Pra ficar ainda melhor (sim, é possível), ela
faz tudo isso enquanto vive às turras com o primo Charles, o "chefe da
família", que não vê a hora de se ver livre da prima, mesmo que, na sua
própria opinião, algum pobre "infeliz" tenha que se casar com ela
pra isso. Assim, ele e Sofia vão se enfrentando, com diálogos super afiados:
"- É muita
gentileza da sua parte - respondeu Sophy -, mas não se ajusta bem comigo. Onde
se pode comprar carruagens em Londres?
- Dificilmente
conseguirá conduzir uma carruagem pela cidade! - disse ele - Nem considero o
faéton um veículo muito adequado para uma dama. Não é fácil de dirigir. Não
gostaria de ver nenhuma das minhas irmãs fazendo essa tentativa.
- Não deve
esquecer de lhes dizer isso - replicou Sophy afavelmente - Elas se importam com
o que você lhes diz? Nunca tive um irmão, portanto não posso saber.
Houve uma ligeira
pausa. Enquanto o Sr. Rivenhall, não acostumado a sofrer ataques súbitos,
recobrava a sua presença de espírito. Não demorou muito.
- Seria melhor
prima, se tivesse tido - disse ele, em tom severo.
- Eu acho que não
- respondeu Sophy, muito tranquila - Pelo pouco que tenho visto sobre irmãos,
alegra-me o fato de que Sir Horace nunca me sobrecarregou com um."
Bom, eu sou
suspeita pra falar, por que adoro histórias com romances "gato e
rato", mas é muito boa a competição establecida entre Sofia e Charles. Faz
o leitor ficar com um sorriso bobo no rosto, torcendo pra que percebam logo o
que está realmente acontecendo entre eles. Desde que conhece Sofia, Charles
determina-se a condenar as atitudes da prima e colocá-la "na linha".
Por outro lado, sem que ele perceba, Sofia vai livrando o jovem Sr. Rivenhall
da figura fria e ditatorial que ele criou para si mesmo, como forma de salvar a
família da falência.
A narrativa é
ótima de ler e, se você se deixar levar, vai acabar o livro de uma hora pra
outra. Em relação ao enredo, acho que Georgette Heyer poderia ter caprichado um
pouco mais no romance. Como foi minha primeira leitura da autora, não sei dizer
se isso é comum do estilo dela. De qualquer modo, a falta de um pouco mais de
romance é totalmente compensada pelo resto da história e os personagens, com
óbvio destaque para Sofia.
Nota: 5 - Paixão,
muito bom, forço todo mundo a ler.
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