quinta-feira, 14 de julho de 2016

Resenha: O Último dos Canalhas - Loretta Chase


Capa linda, não é?
Este é o segundo livro da série "Canalhas" da Loretta Chase, li muito tempo atrás o primeiro livro, "O Príncipe dos Canalhas", por isso ele não foi resenhado aqui. Mas, depois de ler uma resenha muito positiva dele no Instagram (não lembro de qual perfil, desculpem), resolvi voltar à série e ler o segundo volume.

Comentários:

O livro traz o romance entre Vere Mallory, Duque de Ainswood, e Lydia Greenville, uma jornalista popular e independente. Vere vem de uma família conhecida por ter gerado inúmeros canalhas ao longo dos séculos. Assim, seguindo a tradição familiar, ele nunca levou nada a sério e sempre procurou aproveitar a vida se envolvendo em confusões, bebendo e colecionando casos. Porém, depois de sucessivas mortes na família, ele acabou herdando o Ducado de Ainswood, coisa que jamais imaginou que viesse acontecer. Embora herde as responsabilidades do título, ele opta por seguir sua vida como antes, ou talvez ainda mais intensamente, traumatizado pela morte dos parentes próximos.

Lydia, por outro lado, é a personificação da responsabilidade e do altruísmo. Ela é filha de um ator alcoolátra, que maltratava sua mãe, uma moça nascida nobre, mas renegada pela família após o casamento. Superado o trauma familiar e sozinha no mundo, ela se torna uma jornalista e escritora de sucesso. Como já se percebe, é aquela heroína que passa longe do padrão da sociedade inglesa do século XIX. Se sustenta sozinha, sem família viva no mundo e sem planos de casamento. Voltada unicamente em construir uma carreira sólida. 

O casal se conhece quando Vere tentar salvá-la de uma enrascada, pois ela se mete em uma briga com a maior cafetina da cidade. Ultrajada pela presunção do Duque, que tenta beijá-la, ela consegue esmurrá-lo e derrubá-lo no chão, diante de uma multidão curiosa. Sem demora, os boatos se espalham pela cidade e, a partir daí, Vere fica com ego ferido e decide revidar, seduzindo-a. Mas, em suas próprias palavras, Lydia é uma solteirona convicta e não vai cair fácil no jogo dele. Ela não é uma moça comum, prova disso é que frequenta o equivalente às nossas atuais "happy hours" nas tabernas, bebendo e conversando em pé de igualdade com os homens (mesmo sendo a única mulher nesses locais!).

Porém, entre perseguições pela cidade e encontros "por caso" forjados pelo Duque, eles  se tornam praticamente uma dupla de parceiros de crime, em busca das matérias jornalísticas de Lydia. A partir daí, o que se passa entre os dois é uma sucessão de briga de egos, desafios, discussões e uma aposta, que culmina (óbvio) em casamento.

Os livros da Loretta Chase são bem escritos e a leitura é ágil. Esse livro me impressionou em especial por focar na problemática da prostituição, que muito provavelmente no século XIX era ignorada como mazela social e vista apenas como um reduto não muito glorioso (sob o ponto de vista moralista cristão) da sociedade. O trecho abaixo (que descreve o pensamento da cafetã na história) retrata um pouco a marginalização das prostitutas naquele tempo:

"Se acreditasse que poderia se sair livre, de bom grado mataria Francis Beaumont, que ultimamente não passava de um incômodo irritante. Por mais de uma vez ela havia garroteado empregadas desobedientes — mas eram meras prostitutas, cuja falta ninguém sentia ou lamentava. Para as autoridades, não passavam de cadáveres anônimos retirados do Tâmisa que geravam um monte de papelada e o aborrecimento de um enterro de indigente, gastando tempo e esforço, sem recompensa para os trabalhadores."

Ou seja, problema era matar um nobre, um membro importante do governo, não uma "mera prostituta" (a impunidade rolava solta, não é mesmo?). Esse lado "social" do livro me surpreendeu e agradou muito. Como nem tudo é perfeito, apesar de toda força dada à personagem de Lydia e à questão de sua independência em uma sociedade absurdamente machista, fiquei decepcionada por ela ter abandonado a carreira jornalística depois do casamento. Em outras histórias, talvez as circunstâncias e os costumes da época justificassem essa atitude, mas não no caso dessa personagem (que era uma workaholic, apaixonada pelo que fazia).

Ainda sobre o que não gostei, achei meio constrangedor os resmungos e latidos da cadela Susan (mastim da Lydia) expressos no texto como se fosse a fala de mais um personagem qualquer (chegaram a usar o termo de "ah", com travessão e tudo mais!). Desculpa gente, mas acredito que não era necessário. Bastava tentar colocar apenas que a cadela fez algum som ou achar onomatopeias mais adequadas (sugestões rs: mmmm, grrr, hmmm, etc). Pode paracer uma crítica boba, mas isso me incomodou durante a leitura — e olha que eu adoro cachorro! Sou super a favor da inclusão deles como seres dignos de sentimentos e expressões viu, hehehe. 

Por outro lado, assim como no livro "O Príncipe dos Canalhas", achei hilário que o filho bastardo de Dain (conhecido como "Lorde Belzebu") é chamado de "Semente do Diabo" e assim referenciado ao longo do texto, fazendo jus ao apelido do pai! O livro tem também uma trama paralela de romance bem fofa, entre dois amigos do casal principal. Pra mim, esse casal coadjuvante funcionou, com o jeito meio atrapalhado e tímido dos personagens, como uma espécie de alívio cômico da história. 

Esse livro não vale cinco estrelas, mas é ótimo e ideal para quem quiser se divertir com um romance histórico bem escrito e com um pouco de ação.

Nota: 3 - Bom pra passar o tempo.

Nota: 3/5

Sinopse original:

"O devasso Vere Mallory, duque de Ainswood, está pronto para sua próxima conquista e já escolheu o alvo: a jornalista Lydia Grenville. Só que desta vez, além de seduzir uma bela mulher, ele deseja também se vingar dela. Ao se envolver numa discussão numa taverna, Vere foi nocauteado por Lydia e se tornou alvo de chacota de toda a sociedade. Agora ele quer dar o troco manchando a reputação da moça. Mas Lydia não está interessada em romance, principalmente com um homem pervertido feito Mallory. Em seus artigos, ela ataca nobres insensatos como ele, a quem considera a principal causa dos problemas sociais. Nesse duelo de vontades, Vere e Lydia se esforçam para provocar a derrota mais humilhante ao mesmo tempo que lutam contra a atração que o adversário lhe desperta. E, nessa divertida batalha de sedução e malícia, resta saber quem será o primeiro a ceder à tentação."

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