quinta-feira, 21 de abril de 2016

O Livro do Cemitério - Neil Gaiman

Foto: Gabi/Esta 0nline

Sinopse original:  

"Um bebê escapa de seu assassino e encontra abrigo num cemitério. Lá, será criado por fantasmas e aprenderá sobre a vida com os mortos, seus melhores amigos. Enquanto ele cresce entre lápides e capelas mortuárias, o perigo continua rondando do lado de fora. A mesma lâmina que matou seus pais e sua irmã espera ansiosa para terminar sua tarefa.

Mas o garoto, conhecido como Ninguém, não está sozinho. Ele tem um guardião que não pertence nem ao mundo dos vivos, nem ao dos mortos; uma legião de amigos que muitas vezes só ele pode ver e ouvir, mas que podem assombrar seus inimigos; conhece os truques e os feitiços de seres de outros mundos, pode sumir e invadir sonhos.

Neil Gaiman consegue prender a atenção do leitor e causar arrepios, ao mesmo tempo em que tece uma trama tocante sobre amizade, lealdade e amadurecimento. A aventura mais perigosa do jovem herói, como a de todos nós, é sobreviver."

Nota: 5/5
Comentários:

Eu comecei a ler "O Livro do Cemitério" achando que se tratava de um livro de terror. Inclusive me senti corajosa por tomar a decisão de lê-lo sempre antes de dormir. Não poderia estar mais enganada! Esse livro prova que, de fato, há mais sentido em temer os vivos do que os mortos. Afinal, maior do que a gentileza do povo do cemitério, somente a do próprio Nin.

Nunca tinha lido nada de Neil Gaiman. Meus únicos contatos anteriores com a obra dele foi quando assisti as adaptações para o cinema de Coraline (2009) e Stardust - O mistério da Estrela (2007) - que são muito bons, por sinal. Então, devo agradecer a iniciativa dessa leitura à Artemis, que me presenteou de aniversário com esse livro.

A história de Nin começa na noite que um homem misterioso assassina sua família inteira, mas o bebê escapa - de um jeito completamente "ao acaso" e sem nenhuma explicação mirabolante. Adorei essa simplicidade. Sabe aquela sensação de "começo de filme"? De estar sendo mergulhada em um universo para uma história incrível (e bem contada)? Foi assim que eu me senti logo nas primeiras páginas, pronta pra entrar na aventura.

Ilustração: Dave McKean 
Eu me apaixonei pelos personagens. O Nin (apelido de Ninguém) é um menino super doce que foi realmente acolhido pelos fantasmas/espíritos/almas do cemitério (eles o amam,  protegem e educam). As intenções e o modo de pensar dele me tocaram pela sua inocência. Ele ama o cemitério e seus habitantes, mas é curioso e, apesar de tudo, um humano vivo. Por isso, sente vontade de experimentar o mundo além dos portões do cemitério. Como toda criança e, ainda mais, tendo vivido em um cemitério a vida toda, dá pra sentir desde o início que ele vai se meter em confusão. 

Outros personagens que me chamaram atenção: Silas (guardião do Nin) e Liza (fantasma com quem Nin faz amizade). Gostei do respeito e a admiração que o menino sentia pelo guardião e a determinação de Silas em cumprir sua promessa. Também achei legal como nunca é mencionado diretamente que tipo de criatura o Silas é, mas, desde o início, o leitor já sabe. Sobre a Liza, eu adorei do modo foi construída a relação entre eles: Nin, como sempre, demonstra que é superior a preconceitos e um poço de generosidade; enquanto Liza, tão solitária, se abriu de coração pra amizade com Nin, praticamente virando um anjo da guarda pra ele.

Ilustração: Dave Mckean
 O livro tem uma narrativa leve e é  muito bem escrito. Por opção, li um capítulo por dia, mas, se quisesse, poderia ter terminado tudo em um dia só, sem o menor cansaço (a história não fica arrastada). O Neil Gaiman soube tirar ótimo proveito do fato de a história se passar em um cemitério. Eu achei uma ótima sacada que as lápides eram utilizadas pelo Nin como ponto de referência pra localização. Outras passagens ótimas eram as que sempre que mencionavam algum personagem habitante do cemitério, citavam o conteúdo de sua lápide (nome acompanhado de epitáfio e datas de nascimento e morte):


"O doutor Trefusis (1870-1936, Que Desperte na Glória)" 
(Pág. 108)

"Thomes Pennyworth (Aqui jaz na certeza da gloriosa ressurreição)" 
(Pág. 117)

"Liberty Roach (O que ela gostou está perdido, o que deu descansa com ela para sempre. Leitor, tenha caridade)" 
(Pág. 155)

"Euphemia (1861-1883, Ela Dorme, Sim, Mas Dorme com os Anjos)"
 (Pág. 190)


Uma curiosidade sobre esse livro é que o próprio Neil Gaiman assume, nos agradecimentos, que boa parte de sua inspiração para história veio do "O Livro da Selva", de Rudyard Kipling, que ele leu repetidas vezes desde a infância. Que livro é esse??? A história de Mogli!!! Sim, minha gente, o menino criado por lobos! Realmente, não tem como negar a semelhança entre as premissas das duas histórias. Depois dessa, fiquei curiosa também para ler "O Livro da Selva".

Enfim, sei que pode parecer meio repetitivo e sentimental, mas "O Livro do Cemitério" é isso: uma história sobre amizade, a partir do ponto de vista um garoto gentil e corajoso (demais).Se você, assim como eu, nunca leu nenhum dos livros do Neil Gaiman, não perca tempo, comece já por esse! 

Nota: 5 - Paixão, muito bom, forço todo mundo a ler.

2 comentários:

  1. Parece um livro lindo, e ainda mais com ilustrações. Já quero. Gosto muito do Gaiman.

    Participando do blog.
    Abraço!
    Eu Sou Um Pouco De Cada Livro Que Li

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    Respostas
    1. É um livro muito bonito, bem trabalhado, delicada, uma coisa lírica mesmo! Se gosta o Gaiman, com certeza vai adorar :).

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